Con calma si vedrà

*Trilha sonora ao fim do texto. Recomendável lê-lo escutando-a.

Fugia do calor, fugia do barulho. Fugia do tumulto, do colorido desesperado e ofuscante, do álcool que embriagava a alegria das multidões. Fugia da frustração, mas talvez estivesse fugindo também de si mesma. Nunca apreciara o Carnaval, mas naquele ano, em especial, precisava fugir de qualquer vestígio que a lembrasse da festa da carne.

A ferida deixada pela traição seguia aberta e, de alguma maneira, ela precisava encontrar a cura. E por isso fugiu sem rumo. Não sabia ainda, contudo, se fugira para encontrar a paz de que tanto precisava ou se fugira tentando encontrar a si mesma. Não importava o quão longe teria de ir, não importava o quão estafada se sentiria. Uma sensação plena de alívio que havia muito não experimentava arrebatou-a tão logo os pneus de seu carro tocaram a autoestrada. Permitiu-se então pisar mais forte no acelerador, engatar a quinta marcha e sentir a velocidade vibrar por seu corpo.

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